claudemir pereira

Uma decisão nacional levaria à união forçada três siglas locais

Quando o Congresso Nacional decidiu rejeitar o veto presidencial à criação das chamadas federações partidárias, é possível que não se tenha notado essa peculiar circunstância. No entanto, como não há anjos, menos ainda santos, o mais provável é que as lideranças mais atiladas perceberam o que pode ser uma forma de, a pretexto de resolver um problema imediato, criar uma situação permanente.

Do que se trata? Simples, a norma que passa a vigorar indica que a federação a ser formada para fins eleitorais será nacional e terá de ser obrigatoriamente cumprida de cima abaixo. É a chamada verticalização. As razões são nobres: criar uma unidade, mesmo que forçada, e manter o casamento político pelo tempo de mandato.

A mesma legislação impõe, e esta é a questão mais interessante e aparentemente nobre, que a duração da federação criada (com obrigatoriedade de estatuto e tudo) será de no mínimo quatro anos.

Resumindo: as uniões chanceladas sob esse formato, no próximo ano, resultarão em alianças obrigatórias no Brasil inteiro até 2026. Isto é, as federações formadas em 2022 serão mantidas, necessariamente, em 2024, no pleito municipal.

Como Santa Maria, se sabe, pertence ao país, veja-se um fato concreto e confirmado ao colunista por fonte do PC do B. Há grandes chances de o partido de Werner Rempel e Maria Rita Py participar de uma federação com o PSB e, também há papo nesse sentido na Capital gaúcha e alhures, com o PT de Lula.

Nesse caso, que está no campo do possível, e não necessariamente numa invenção desta coluna, na Boca do Monte estariam, obrigatoriamente, no mesmo barco quem até ontem politicamente se separou. Caso específico da maior parte dos dirigentes e militantes do PSB, oriundos do petismo. E, tanto naquele quanto neste tempo, em minoria.

Sem falar nos próprios comunistas do B que, em Santa Maria, se aliaram ao PSB no último pleito municipal, mas não ao PT, que seria largamente majoritário na nova/velha composição política.

Palpite claudemiriano (e nada além disso): dirigentes do PSB (e também, ainda que sem o mesmo afã, do PC do B) farão o possível para impedir essa federação. Se não conseguirem, pensarão com muita seriedade em buscar outro caminho.

Ah, esse raciocínio vale apenas para os que não têm mandato. Os que têm, em princípio e até março de 2023, data da janela da traição para vereadores, terão de continuar no mesmo lugar. Isso vale para o comunista do B Werner Rempel e os socialistas Danclar Rossato e Paulo Ricardo Pedroso. E também para a bancada petista: Valdir Oliveira, Ricardo Blattes e Marina Callegaro.

Ah, sim, isso não é uma certeza. Depende ainda de muitas negociações nacionais e regionais. Mas é bom considerar, pois se trata de possibilidade real e nada desprezível. A ver.

União Brasil, mesmo com dois edis, poderá não se criar em Santa Maria

Um fato: se havia alguma dúvida, a convenção nacional conjunta da última quarta-feira transformou em certeza. Sim, DEM e PSL desaparecem e, em seu lugar, nasce o União Brasil. Partido colocado à destra da política pátria, mesmo com defecções previsíveis, será o maior do país em número de parlamentares e, assim, terá superquinhão financeiro para gerir a campanha eleitoral de 2022. E se coloca em oposição ao governo federal.

Então, por que, ainda assim, ele poderá simplesmente não acontecer em Santa Maria? Dependerá basicamente de Jair Bolsonaro. Da decisão presidencial. Para onde ele for, irão os dois edis santa-marienses: o demista Manoel Badke (certamente, e que acompanharia o líder estadual Onyx Lorenzoni) e o pesselista Tony Oliveira (muito possivelmente).

Manteriam posição oposta, um pró, outro contra, em relação ao governo municipal, mas, pelo que assuntou o escriba, ficariam na mesma sigla. No caso, aquela que o presidente Bolsonaro assumir como sua. Este, é o que se diz, não irá ao Republicanos e ao PP, pois nenhum deles lhe dará o domínio total. O primeiro porque já tem controlador, a Igreja Universal. E o segundo pela diversidade de interesses regionais - em que cabe até, sobretudo no Nordeste, apoiadores do petista Lula.

O que sobra? O PTB, hoje um partido mambembe politicamente e que em Santa Maria perdeu seus dois vereadores no pleito de 2020.

Enfim, no caso gaúcho seria a sopa no mel. Parte dos deputados está a se mandar, abrindo caminho para, por exemplo, a liderança de Onyx Lorenzoni. Que passaria a comandar o partido e receberia a maioria dos bolsonaristas gaúchos do DEM e do PSL.

Em tempo: a situação é assim colocada porque parece improvável, senão impossível, que o União Brasil acate a exigência de Lorenzoni, que disse ficar apenas se pudesse seguir apoiando Jair Bolsonaro e contra a candidatura nacional do novo partido. Logo...

Um sonho impossível e o que une quatro parlamentares em Brasília

SÓ EM SONHO - O União Brasil nasce com nada menos que quatro deputados federais gaúchos, um oriundo do DEM, Onyx Lorenzoni, e outros três eleitos pelo PSL. No caso, Bibo Nunes, Nereu Crispim e Ubiratan Sanderson. Também tem seis parlamentares com cadeira na Assembleia Legislativa. São dois demistas, Eric Lins e Thiago Duarte, e quatro pesselistas, Luciano Zucco, Ruy Irigaray, Vilmar Lourenço e Capitão Macedo.

Atenção: nem nos melhores sonhos o UB manterá todos em suas fileiras. A postura nacional antibolsonarista afastará a maioria, com certeza. Ah, imagina-se que alguns petebistas possam aderir à nova agremiação. Mas isso é algo a conferir só em abril do próximo ano, o mês da traição.

EM COMUM - Depois do petista Ricardo Blattes (foto), na semana anterior, nesta quem esteve flanando em agenda no Planalto Central foi um trio de edis governistas: os tucanos Admar Pozzobom e Givago Ribeiro e o ainda demista Manoel Badke.

O que o quarteto tem em comum, além de defenderem pautas locais no Distrito Federal? Sim, estarão todos, embora diferenças ideológicas óbvias, na mesma chapa que disputará a direção da Câmara de Vereadores, em dezembro.

LUNETA

O DESTINO

Parlamentares bolsonaristas do PSL, descontentes com a fusão que os tornou integrantes do União Brasil, vislumbram duas possibilidades no Rio Grande. Uma é o PTB, que deve ser deixado de lado, pois tende a ser destino dos demistas. Outra é o PP - que apresenta a candidatura ao Piratini de Luis Carlos Heinze, apoiador de carteirinha do presidente Bolsonaro. O primeiro a aderir, consta, é Luciano Zucco.

CAMPANHA

Uma semana após a vinda a Santa Maria e região do pré-candidato ao Piratini Beto Albuquerque, do PSB, quem está por cá é o nome do PT ao Piratini, deputado Edegar Pretto. Afora prestigiar a posse da nova coordenadoria regional do PT (na noite de sexta), ele cumpriu agenda de pré-campanha, com direito a audiências com reitores da UFSM e UFN e a inevitável passagem pela Feicoop.

PRESTÍGIO

Melhor não duvidar do prestígio interno no PT do deputado federal santa-mariense (e candidato à reeleição) Paulo Pimenta. Além de presidir a agremiação no Rio Grande do Sul, agora é alçado a mais uma função. Ele fará parte do comitê de campanha ao Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O convite foi formalizado pelo próprio, por sinal, na última segunda-feira.

"BRUJAS"

Há algum tempo, há o zunzum, no campus. Ninguém confirma, claro, mas se nota algum descontentamento com a forma como se conduzem a sucessão e a nomeação do futuro reitor. Desinteligências (mas não rompimento) se registram. E cresceram diante do rumor (notícia?) de que adversários históricos assumiriam postos graúdos, por conta de sua "ajuda" em Brasília. Como disse alguém, "no creo em brujas, mas..."

PARA FECHAR

Aquilo que não poucos rejeitam, ainda que cumpram no cotidiano, até sem perceber, virou fato. No caso, a exigência em Santa Maria do atestado de vacina antiCovid. E que será fiscalizado como ocorre em qualquer lugar civilizado: por amostragem. O primeiro grande momento da obrigatoriedade é justamente um dos maiores eventos da cidade. No caso, a Feicoop, que tem sua fase presencial até este domingo.

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